A dor crônica jamais é um fenômeno que afeta isoladamente a uma só pessoa. Ela envolve todos que de alguma maneira estão interconectados com o paciente de dor crônica. Nesta esfera encontra-se especialmente a família. Neste livro, estas interconexões são metaforicamente denominadas de tentáculos.
Os tentáculos da dor podem ser de natureza física e fisiológica, mas muitas vezes são de natureza mental, psicológica, social e espiritual. Elaborar e aprender a compreender a dor crônica demanda um esforço e aprendizado altamente complexo do paciente. Inicialmente este designa que ele mesmo é a dor, então ele pode descobrir que a dor o controla, o que por sua vez provoca a compreensão, escolha e decisão de que a dor não controlará mais. Nesta fase, o paciente diferencia sua pessoa da vivência da dor. Então, será possível descobrir como diminuir, curar ou até conviver com a dor.
Em dor crônica, os profissionais da saúde são essenciais, pois podem tanto amplificar o sofrimento, quanto realmente trata-la eficazmente.
A maioria dos pacientes de dor crônica pensa em suicídio como solução, pois a morte parece doer menos.
Em todo o processo da dor crônica, a família é fundamento e esteio, sendo envolvido na mesma dor, mas ao mesmo tempo oportunizando a possibilidade da cura e/ou da convivência com a dor. Seja para o paciente, seja para a família, a assistência psicoterápica é essencial para o desvencilhamento dos tentáculos da dor.